Embora Mackenzie tivesse acertado o seu alarme para oito horas, ela foi acordada de um jeito agitado pela vibração do seu telefone celular às 6:45. Ela gemeu quando despertou. Se for o Harry, pedindo desculpas por algo que ele nem sequer fez, eu vou matá-lo, pensou. Ainda meio adormecida, ela pegou o telefone e olhou para a tela com os olhos enevoados.
Ela ficou aliviada ao ver que não era o Harry, mas Colby.
Intrigada, ela respondeu. Colby não era tradicionalmente alguém que acordava cedo e elas não se falavam a mais de uma semana. Colby, certinha como é, provavelmente estava apenas pirando sobre a graduação e a incerteza do seu futuro. Colby era a única amiga que Mackenzie tinha aqui em Quantico, de modo que ela fez tudo o que podia para garantir que a amizade perdurasse, mesmo se isso significasse atender uma chamada no início da manhã do dia de graduação, depois de ter dormido só quatro anos e meia de sono na noite anterior.
“Ei, Colby,” disse ela. "O que foi?"
"Você estava dormindo?" Colby perguntou.
"Sim."
"Meu Deus. Eu sinto muito. Imaginei que você estaria acordada esta manhã, com tudo o que está acontecendo.”
"É apenas uma graduação", disse Mackenzie.
"Ah! Eu gostaria que fosse só isso," disse Colby numa voz ligeiramente histérica.
"Você está bem?" Mackenzie perguntou, sentando-se lentamente na cama.
"Eu ficarei bem," disse Colby. "Olha... Você acha que consegue me encontrar na Starbucks da Fifth Street?"
"Quando?"
"Assim que você pode chegar lá. Estou saindo agora.”
"Mackenzie não queria ir—ela realmente não queria nem sair da cama. Mas nunca tinha ouvido Colby assim. E em um dia tão importante, ela achou que deveria tentar estar presente para a amiga.
"Preciso de cerca de vinte minutos," disse Mackenzie.
Com um suspiro, Mackenzie saiu da cama e teve o cuidado de pegar apenas o básico em termos de se arrumar. Ela escovou os dentes, colocou uma blusa de moletom com capuz e calça de corrida, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo desleixado e depois saiu.
Enquanto ela caminhava os seis blocos para a 5th Street, o peso daquele dia começou a cair sobre ela. Ela estava se formando na academia do FBI hoje, pouco antes do meio-dia, entre os cinco por cento melhores de sua classe. Ao contrário da maioria dos graduados que conheceu ao longo das últimas vinte semanas, ela não teria qualquer familiar presente para ajudá-la a comemorar esta realização. Ela estaria sozinha, como na maior parte de sua vida, desde a idade de dezesseis anos. Ela estava tentando se convencer de que isso não a incomodava, mas incomodou. Isso não criou tristeza nela, mas uma espécie estranha de angústia que era tão antiga que se tornou entediante.
Quando chegou ao Starbucks, ela ainda notou que o trânsito estava um pouco mais pesado do que o habitual, provavelmente a família e os amigos de outros graduados. Ela deixou pra lá, apesar de tudo. Ela passou os últimos dez anos de sua vida tentando não dar a mínima para o que sua mãe e sua irmã pensavam dela, então por que começar com isso agora?
Quando ela entrou no Starbucks, ela viu que Colby já estava lá. Ela estava bebendo em uma xícara e olhando pensativamente para a janela. Havia uma outra xícara na frente dela; Mackenzie assumiu que era para ela. Ela se sentou em frente a Colby e fez uma demonstração de como estava cansada, estreitando os olhos de uma forma mal-humorada ao se assentar.
"Este é o meu?" Perguntou Mackenzie, pegando a segunda xícara.
"Sim," disse Colby. Ela parecia cansada, triste e completamente mal humorada.
"Então, o que há de errado?" Perguntou Mackenzie, ignorando qualquer tentativa de Colby fugir do assunto.
"Eu não estou me graduando," disse Colby.
"O quê?", perguntou Mackenzie, genuinamente surpresa. "Eu pensei que você tinha passado com sucesso em tudo."
"Eu passei. Só que... Eu não sei. Só de estar na academia eu fiquei exausta.
"Colby... Você não pode estar falando sério.”
"Seu tom de voz tinha saiu com alguma força, mas ela não se importava. Aquela não era a Colby, de jeito nenhum. Essa decisão tinha sido tomada com algum exame de consciência. Não era por acaso, não era o último suspiro dramático de uma mulher atormentada e nervosa.
Como ela poderia simplesmente desistir?
"Mas eu estou falando sério," disse Colby. "Eu realmente não sou apaixonada por isso desde as últimas três semanas ou mais. Eu ia para casa alguns dias e chorava sozinha, porque eu me sentia presa. Eu só não quero mais isso.”
"Mackenzie estava atordoada, ela mal sabia o que dizer.
"Bem, o dia de graduação é um inferno para tomar essa decisão."
Colby deu de ombros e olhou para trás para fora da janela. Ela parecia abatida. Derrotada.
"Colby... Você não pode cair fora. Não faça isso." O que estava na ponta da língua, mas ela não disse foi: Se você sair agora, estas últimas vinte semanas não significarão nada. Isso também faz de você uma desistente.
"Ah, mas eu realmente não estou caindo fora," disse Colby. "Eu vou para a graduação hoje. Eu tenho que fazer isso, na verdade. Meus pais vieram da Flórida, então eu meio que preciso ir. Mas depois de hoje, será assim.”
"Quando Mackenzie tinha começado a academia, os instrutores avisaram que a taxa de abandono entre os agentes potenciais durante as vinte semanas de Academia era de cerca de vinte por cento—e tinha chegado a trinta no passado. Mas pensar em Colby entre esses números simplesmente não fazia sentido.
Colby era muito forte, muito determinada. Como ela poderia tomar essa decisão tão facilmente?
"O que você vai fazer?" Perguntou Mackenzie. "Se você realmente deixar tudo isso para trás, o que você pretende seguir como carreira?"
“Não sei, disse ela. "Talvez algo no sentido de prevenir o tráfico de seres humanos. Pesquisa e recursos ou algo assim. Quero dizer, eu não tenho que ser uma agente, certo? Há muitas outras opções. Eu só não quero ser uma agente."
"Você realmente está falando sério," disse Mackenzie secamente.
"Estou. Eu só quero que você saiba agora, porque depois da formatura, meus pais estarão fazendo aquela bajulação em cima de mim.”
"Oh, coitadinha, pensou Mackenzie, sarcasticamente. Isso deve ser tão terrível.
"Eu não entendo," disse Mackenzie.
"Eu não espero que entenda. Você é maravilhosa para isso. Você ama isso. Acho que feita para isso, sabe? Quanto a mim... Eu não sei. Uma negação, eu acho.”
"Nossa, Colby... Eu sinto muito.”
"Não há necessidade de se lamentar," disse ela. "Quando eu enviar minha mãe e o pai de volta para a Flórida, toda a pressão ficará lá fora. Eu vou dizer a eles que eu simplesmente não fui poupada de fazer uma atribuição boba qualquer que me foi repassada. E então, isso está fora do que desejo fazer, suponho.”
"Bem... Boa sorte, eu acho," disse Mackenzie.
"Nada disso, por favor," disse Colby. "Você está graduando-se entre os top cinco por cento hoje. Não se atreva a deixar meu o meu drama desanimá-la. Você tem sido uma ótima amiga, Mac. Eu queria que você ouvisse isso de mim agora ao invés de apenas perceber que eu não estive por algumas semanas.”
"Mackenzie não fez nenhuma tentativa de esconder sua decepção. Ela odiava se sentir como se estivesse recorrendo a táticas infantis, mas ela permaneceu em silêncio por um tempo, tomando seu café.
"E você?" Perguntou Colby. "Algum familiar ou amigo chegando?"
"Nada," disse Mackenzie.
"Oh," Colby disse, um pouco envergonhada." Eu sinto muito. Eu não sabia—"
"Não precisa se desculpar," disse Mackenzie. Agora foi a sua vez de olhar fixamente para fora da janela quando ela acrescentou: "Eu meio que gosto que seja assim."
***
Mackenzie estava despreocupada com a graduação. Era nada mais do que uma versão formalizada de sua graduação do ensino médio e não tão elegante e formal como sua graduação da faculdade. Enquanto esperava que seu nome fosse chamado, ela teve muito tempo para refletir sobre aquelas graduações e como sua família tinha parecido se dissolver cada vez mais em cada uma delas.
Ela se lembrava, quase chorando, enquanto caminhava para o palco em sua formatura do ensino médio, entristecida pelo fato de que seu pai nunca a veria crescer. Ela sentiria isso através da adolescência, mas foi um fato que a atingiu como uma pedra entre os olhos quando ela caminhou até o palco para receber seu diploma. Não foi algo que mexeu tanto com ela na faculdade. Quando ela foi para o palco durante a sua graduação da faculdade, ela o fez sem sua família no meio da multidão. Foi esse, ela percebeu durante a cerimônia da Academia, o momento crucial em sua vida em que ela decidiu de uma vez por todas que preferia estar sozinha na maioria dos acontecimentos de sua vida. Se a sua família não tinha nenhum interesse nela, ela não teria nenhum interesse neles.
A cerimônia terminou sem muito alarde e quando acabou, ela viu Colby tirar fotos com a mãe e o pai, do outro lado do grande lobby que os formandos e seus convidados todos saíram em seguida. Pelo que Mackenzie poderia dizer, Colby estava fazendo um excelente trabalho ao esconder seu descontentamento de seus pais. Durante todo o tempo, seus pais sorriam com orgulho.
Sentindo-se desajeitada e sem nada para fazer, Mackenzie começou a se perguntar o quão rapidamente ela poderia sair, chegar em casa, tirar o seu traje de formatura e abrir a primeira, provavelmente, de várias cervejas naquela tarde. Quando ela começou se dirigir para a porta, ela ouviu uma voz familiar atrás dela, chamando seu nome.
"Ei, Mackenzie," disse a voz masculina. Ela sabia quem ele era, não apenas por causa da própria voz, mas porque havia poucas pessoas que a chamavam de Mackenzie neste ambiente ao invés de apenas White.
Era Ellington. Ele estava vestido com um terno e parecia quase tão desconfortável quanto Mackenzie se sentia. Ainda assim, o sorriso que ele deu a ela era de quem estava confortável demais. No entanto, naquele momento, ela realmente não se importava.
"Oi, Agente Ellington."
"Eu acho que em uma situação como esta, não há problemas em me chamar de Jared."
"Eu prefiro Ellington," ela disse rindo brevemente de si mesma.
"Como você se sente?" Ele perguntou.
Ela deu de ombros, percebendo o quanto queria sair de lá. Ela poderia dizer a si mesma todas as mentiras que queria, mas o fato de não ter família, amigos ou entes queridos presentes estava começando a pesar sobre ela.
"Apenas um encolher de ombros?" Perguntou Ellington.
"Bem, como eu deveria me sentir?"
***
"Realizada. Orgulhosa. Animada. Só para citar alguns.”
"Eu estou todas essas coisas," disse ela. "Só que... Eu não sei. Toda a cerimônia me parece um pouco demais.
"Eu posso entender," disse Ellington. "Nossa, eu odeio usar terno."
Mackenzie estava prestes a fazer com um comentário, talvez sobre como ele, na verdade, ficava bem de terno quando viu McGrath se aproximando por trás Ellington. Ele também sorriu para ela, mas ao contrário Ellington, seu sorriso parecia quase forçado. Ele estendeu a mão para ela e ela a segurou, surpresa com a moleza do punho dele.
"Estou feliz que você conseguiu," disse McGrath. "Eu sei que você tem uma carreira brilhante e promissora pela frente."
"Sem pressão ou qualquer coisa do tipo, certo?" Disse Ellington.
"Os cinco por cento superiores," disse McGrath, não permitindo Mackenzie a chance de dizer uma única palavra. "Que trabalho foda, White."
"Obrigada, senhor," foi tudo o que conseguiu encontrar para dizer.
McGrath inclinou-se, falando de negócios agora. "Eu gostaria que você viesse ao meu escritório na segunda de manhã, às oito horas. Eu quero levá-la para dentro do processo o mais rápido possível. Já tenho a sua papelada pronta—Na verdade, tive o cuidado de prepará-la há muito tempo, então tudo estaria pronto quando esse dia chegasse. Isso demonstra como aposto em você. Então... Não vamos esperar. Segunda-feira às oito. Está bem assim?”
"Claro," disse ela, surpresa com esta exibição atípica de apoio entusiasmado.
Ele sorriu, apertou a mão dela novamente e rapidamente desapareceu na multidão.
Quando McGrath já tinha ido embora, Ellington olhou para ela perplexo e deu um sorriso largo.
"Então, ele está de bom humor. E eu posso dizer que isso não acontece muito frequentemente.”
"Bem, é um grande dia para ele, eu acho," disse Mackenzie. “Um banco de talentos todinho para ele escolher."
"Isso é verdade", disse Ellington. "Mas piadas à parte, o cara é muito inteligente com a forma como ele utiliza os novos agentes. Tenha isso em mente quando se reunir com ele na segunda-feira.”
Um silêncio constrangedor passou entre eles; era um silêncio com o qual tinham se acostumado, e que tornou-se um elo importante da amizade deles, ou o que quer que estava acontecendo entre eles.
"Bem, olhe," disse Ellington. "Eu só queria dizer parabéns. E eu queria que você soubesse que sempre pode me chamar se as coisas ficarem difíceis. Sei que parece idiota, mas em algum momento—mesmo para a temida Mackenzie White—você vai precisar de alguém para desabafar. Ele posso estar por perto muito rapidamente quando precisar.
"Obrigada," disse ela.
Então, de repente, ela quis chamá-lo para acompanhá-la, não de um jeito romântico, mas apenas para ter um rosto familiar ao seu lado. Ela o conhecia relativamente bem e mesmo que ela tivesse sentimentos conflitantes sobre ele, ela o queria ao seu lado. Ela odiava admitir, mas estava começando a sentir que deveria fazer algo para comemorar este dia e este momento em sua vida. Mesmo apenas passando algumas horas estranhas com Ellington, seria melhor (e provavelmente mais produtivo) do que sentir pena de si mesma e beber sozinha.
Mas ela não disse nada. E mesmo podendo ter reunido coragem, não teria importância; Ellington rapidamente lhe deu um pequeno aceno de cabeça e, em seguida, como McGrath, voltou para a multidão.
Mackenzie ficou ali por um momento, fazendo seu melhor para livrar-se da crescente sensação de estar completamente sozinha.
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